20 Anos do Bugatti Veyron: A História do Carro que Desafiou o Impossível
O mundo automotivo é marcado por momentos que definem eras. Carros que não apenas quebram recordes, mas que rasgam o livro de regras e forçam a humanidade a repensar os limites da engenharia e da ambição. Em 2005, um desses momentos aconteceu. O Bugatti Veyron não foi apenas lançado; ele explodiu no cenário global como uma força da natureza, um feito tecnológico tão audacioso que muitos duvidavam que fosse possível. Ele foi o primeiro carro de produção em série a ultrapassar duas barreiras míticas: os 1.000 cavalos de potência e os 400 km/h.
Agora, celebramos os 20 anos do Bugatti Veyron, contando a partir da apresentação do seu protótipo final em 2003, um marco que nos convida a olhar para trás e entender como essa lenda nasceu. Esta não é apenas a história de um carro. É a história de uma visão obstinada, de desafios de engenharia que beiravam a ficção científica e de um legado que inaugurou a era dos hipercarros. Portanto, ao longo deste artigo, vamos mergulhar fundo na jornada do Veyron, desde o sonho de um homem até a realidade de uma máquina que mudou tudo para sempre.
O Sonho de um Homem: Como Nasceu a Lenda do Veyron
Todo grande projeto começa com uma ideia. No entanto, a
ideia por trás do Bugatti Veyron não nasceu em uma sala de reuniões
corporativa, com planilhas e projeções de lucro. Pelo contrário, ela nasceu da
mente inquieta de um dos engenheiros mais brilhantes e exigentes da história
automotiva: Ferdinand Karl Piëch. Neto de Ferdinand Porsche, Piëch era o então
presidente do Grupo Volkswagen e um homem conhecido por nunca aceitar
"impossível" como resposta. O Veyron foi, acima de tudo, seu projeto pessoal,
uma busca por um legado que transcenderia o tempo.
O custo de desenvolvimento e produção do Veyron foi tão
astronômico que a Volkswagen perdia milhões de euros em cada unidade vendida.
Isso demonstra que o objetivo nunca foi o lucro. A meta era outra: provar ao
mundo a supremacia tecnológica do Grupo Volkswagen e solidificar o nome de
Piëch na história como o homem que realizou o impossível. Era um projeto de
ego, paixão e, acima de tudo, de pura engenharia.
Um Rabisco em um Trem-Bala
A história começa de forma quase cinematográfica. Em 1997,
durante uma viagem no trem-bala Shinkansen, no Japão, Ferdinand Piëch
conversava com um de seus principais engenheiros. Em um momento de inspiração,
ele pegou um envelope e começou a rabiscar. O que ele desenhou parecia loucura:
um motor com 18 cilindros. Mas a loucura de Piëch tinha método. Ele estabeleceu
metas que, para a época, soavam como fantasia.
Ele queria um carro de rua com mais de 1.001 cavalos de potência (PS). Além disso, esse carro deveria ser capaz de ultrapassar os 400 km/h. Contudo, o verdadeiro desafio estava na terceira exigência: o carro precisava ser tão luxuoso, confortável e fácil de dirigir que seu dono pudesse atingir 400 km/h pela manhã e, à noite, usar o mesmo veículo para ir à ópera com elegância e sem nenhum drama. Essa dualidade entre brutalidade e sofisticação era o que tornava o projeto tão complexo.
Por que a Bugatti?
Com uma visão tão grandiosa em mãos, Piëch precisava de uma
marca à altura. Nenhuma das marcas existentes no portfólio da Volkswagen
parecia adequada para um projeto tão extremo e luxuoso. A resposta, mais uma
vez, veio de um momento inesperado. Durante as férias da Páscoa em 1998, seu
filho Gregor insistiu em comprar uma miniatura de um carro clássico: um Bugatti
Type 57 SC Atlantic.
Aquele pequeno modelo reacendeu a chama de uma marca
lendária. A Bugatti, fundada por Ettore Bugatti, sempre foi sinônimo de arte,
luxo e performance de ponta. Embora estivesse adormecida, seu nome ainda
carregava um peso imenso. Era a tela perfeita para a obra-prima de Piëch. Pouco
tempo depois, em maio de 1998, o Grupo Volkswagen adquiriu os direitos da marca
Bugatti, e a jornada para criar o carro mais incrível do mundo começou
oficialmente.
Dos Conceitos à Realidade: A Evolução do Design
O caminho de uma ideia até um carro de produção é longo e
cheio de experimentação. Antes do Veyron que conhecemos, a Bugatti apresentou
uma série de carros-conceito que mostram a evolução do pensamento dos designers
e engenheiros. Cada um foi um passo crucial para refinar a forma e a função do
futuro hipercarro.
- EB
118 (1998): O primeiro conceito sob a era Volkswagen foi um elegante
cupê de luxo com o motor W18 de Piëch posicionado na dianteira. Desenhado
pelo lendário Giorgetto Giugiaro, ele já mostrava a grade em formato de
ferradura que se tornaria a assinatura da marca.
- EB
218 (1999): Em seguida, veio uma versão sedã de quatro portas,
mostrando a versatilidade que a marca poderia ter.
- 18/3
Chiron (1999): Este foi um passo fundamental. O conceito, batizado em
homenagem ao piloto Louis Chiron, foi o primeiro a adotar uma configuração
de motor central-traseiro, essencial para um supercarro de alta
performance.
- 18/4
Veyron (1999): Apresentado no Salão de Tóquio, este conceito
finalmente batizou o projeto com o nome do piloto Pierre Veyron. Ele
estabeleceu a silhueta básica e o design de dois tons que chegariam ao
carro de produção, embora ainda usasse o motor W18.
- EB
16/4 Veyron (2000): Este foi o conceito final e a peça que completou o
quebra-cabeça. Os engenheiros perceberam que o complexo motor W18 não
deixava espaço suficiente para os turbocompressores necessários para
atingir a meta de 1.001 cavalos. A solução foi uma obra de genialidade
pragmática: trocar o W18 por um motor W16. Essa nova configuração,
essencialmente dois motores V8 compactos unidos, permitiu a adição de
quatro turbos. A visão de Piëch finalmente tinha encontrado um caminho
viável para a realidade.
Essa transição do W18 para o W16 não foi uma derrota, mas
sim a prova de que, mesmo dentro de uma visão intransigente, a engenharia
precisa encontrar soluções práticas. Foi o equilíbrio perfeito entre o sonho e
a física, o que permitiu que o projeto avançasse para a fase de produção,
anunciada oficialmente em 2001.
A Engenharia por Trás do Milagre: Desvendando a Tecnologia do Veyron
Construir o Bugatti Veyron não foi apenas uma questão de colocar um motor grande em um carro bonito. Foi uma batalha constante contra as leis da física. Cada solução de engenharia gerava um novo problema que, por sua vez, exigia uma solução ainda mais inovadora. O Veyron não é apenas uma coleção de peças impressionantes; é um ecossistema tecnológico onde cada componente depende diretamente do outro para funcionar. A meta de 1.001 cavalos e 400 km/h criou um efeito dominó de desafios que forçou a equipe da Bugatti a reinventar o automóvel.
O Coração da Fera: O Motor W16 Quad-Turbo
O centro de todo o projeto é, sem dúvida, seu motor. Uma
verdadeira obra de arte mecânica, o propulsor do Veyron é um 8.0 litros W16
com quatro turbocompressores. Para entender a configuração "W",
imagine pegar dois motores V8 bem compactos (conhecidos como VR8) e uni-los em
um único virabrequim, formando um ângulo de 90 graus. Essa arquitetura permitiu
que 16 cilindros coubessem em um espaço surpreendentemente compacto, quase o
mesmo de um motor V12 convencional.
Esse colosso mecânico, que pesa sozinho cerca de 400 kg,
produz na sua versão inicial 1.001 PS (987 hp) e um torque monumental de
1.250 Nm. Uma das exigências de Piëch era que o motor pudesse operar em carga
máxima contínua, algo que nem mesmo motores de corrida conseguem fazer por
muito tempo. O motor do Veyron foi construído para suportar esse abuso sem
falhar.
Mantendo a Calma a 400 km/h: O Sistema de Arrefecimento
Gerar mais de 1.000 cavalos de potência tem uma consequência
inevitável: calor. Muito calor. Estima-se que, para cada cavalo de potência que
move o carro, o motor W16 gera quase o dobro em energia térmica. Dissipar essa
quantidade de calor era um dos maiores desafios do projeto. A solução da
Bugatti foi criar um dos sistemas de arrefecimento mais complexos já vistos em
um carro de rua.
O Veyron não tem um, dois ou três radiadores. Ele tem um
total de dez radiadores espalhados pelo carro. São três radiadores para
manter a temperatura do motor, três intercoolers ar-líquido para resfriar o ar
que entra nos turbos, um para o sistema de ar-condicionado, e mais três
radiadores dedicados a resfriar os óleos do motor, da transmissão e do
diferencial. É um sistema circulatório digno de uma usina de energia, projetado
para garantir que o carro não superaqueça mesmo ao rodar no limite em um
deserto.
Trocas de Marcha Mais Rápidas que um Piscar de Olhos
De nada adianta ter 1.001 cavalos se não é possível
transferir essa força para as rodas de forma eficiente e rápida. Para essa
tarefa, a Bugatti recorreu à empresa britânica Ricardo para desenvolver uma
transmissão à altura. O resultado foi uma caixa de câmbio de dupla embreagem
(DSG) com sete velocidades, uma das mais rápidas e robustas do mundo.
O funcionamento é engenhoso. Pense nela como duas caixas de câmbio manuais trabalhando em conjunto. Uma embreagem controla as marchas ímpares (1ª, 3ª, 5ª, 7ª) e a outra, as marchas pares e a ré. Enquanto você acelera em uma marcha, a próxima já está pré-engatada, esperando o comando. Isso permite que as trocas de marcha aconteçam em menos de 150 milissegundos, de forma quase instantânea e sem interrupção de torque, garantindo uma aceleração contínua e avassaladora.
Dançando com o Vento: Aerodinâmica Ativa
A mais de 400 km/h, o ar se comporta menos como um gás e
mais como um muro. A aerodinâmica de um carro convencional simplesmente não
funciona nessas velocidades. Por isso, o Veyron foi equipado com um sistema de
aerodinâmica ativa inteligente, que ajusta o perfil do carro em tempo real para
otimizar a estabilidade e a performance. O sistema opera em três modos
principais:
- Modo
Padrão: Utilizado em velocidades de até 180 km/h, é a configuração
para o uso diário, com a asa traseira e o spoiler recolhidos.
- Modo
Handling: Acima de 180 km/h, o carro se transforma. A suspensão
rebaixa a carroceria, a asa traseira se eleva e se inclina, e um pequeno
spoiler adicional se estende. Tudo isso para gerar downforce (força
de sustentação negativa), que pressiona o carro contra o asfalto e garante
estabilidade em curvas de alta velocidade.
- Modo
Top Speed: Para ultrapassar os 375 km/h, o motorista precisa realizar
um ritual. É necessário parar o carro e inserir uma segunda chave, a
"Speed Key", em um cilindro ao lado do banco. Isso ativa o modo
de velocidade máxima: o carro fica ainda mais baixo, a asa e o spoiler se
retraem para a posição de menor arrasto, e os difusores na dianteira se
fecham. O carro se prepara para cortar o ar da forma mais eficiente
possível.
Além disso, a asa traseira tem uma função espetacular: atuar
como um freio a ar (Air Brake). Em frenagens fortes acima de 200 km/h, a
asa se inclina a um ângulo de 55 graus em menos de meio segundo. Isso cria uma
resistência aerodinâmica imensa, gerando uma força de desaceleração de 0.6 G, o
que é comparável à capacidade de frenagem de um carro popular médio. Essa
tecnologia, vinda da aviação, ajuda a estabilizar o carro e a aliviar o
trabalho dos gigantescos freios de carbono-cerâmica.
Uma Família de Ícones: As Versões do Bugatti Veyron
Ao longo de seus dez anos de produção (2005-2015), o Bugatti
Veyron não se limitou a um único modelo. Ele evoluiu, dando origem a quatro
variantes principais que atendiam a diferentes desejos de seus seletos
clientes, desde a experiência de dirigir a céu aberto até a busca incessante
por mais velocidade. Cada versão manteve a alma do Veyron, mas adicionou uma
nova camada à sua lenda.
Para facilitar a compreensão das diferenças, a tabela abaixo
resume as características fundamentais de cada uma das quatro faces do Veyron.
Este comparativo visual mostra a progressão lógica da linha: do coupé que
iniciou tudo (16.4) para sua versão conversível (Grand Sport), seguida pelo
salto de potência para quebrar recordes (Super Sport) e, finalmente, a união de
performance máxima com a experiência ao ar livre (Vitesse).
|
Característica |
Veyron 16.4 |
Veyron Grand Sport |
Veyron Super Sport |
Veyron Grand Sport Vitesse |
|
Potência |
1.001 PS |
1.001 PS |
1.200 PS |
1.200 PS |
|
Carroceria |
Coupé |
Targa (Conversível) |
Coupé |
Targa (Conversível) |
|
Velocidade Máx. |
408 km/h |
408 km/h (teto) / 369 km/h (aberto) |
431 km/h (recorde) / 415 km/h (limitada) |
408 km/h (recorde roadster) |
|
Unidades Prod. |
252 |
58 |
48 |
92 |
|
Propósito |
O original. O criador do segmento. |
A experiência ao ar livre. |
O recordista de velocidade. |
A fusão de performance e céu aberto. |
Arte Sobre Rodas: As Edições Especiais Inesquecíveis
Além das quatro versões principais, a Bugatti utilizou o
Veyron como uma tela para a criação de inúmeras edições especiais, cada uma
mais exclusiva e deslumbrante que a outra. Essa estratégia foi uma forma genial
de manter o carro relevante e desejável ao longo de uma década de produção,
transformando cada nova edição em um evento midiático e reforçando seu status
de item de colecionador. Essas versões não eram apenas sobre cores diferentes;
muitas vezes, envolviam materiais e técnicas artesanais inéditas no mundo
automotivo. Algumas das mais memoráveis incluem:
- Pur
Sang (2007): Batizada de "Puro Sangue", esta edição abdicava
da pintura para exibir a beleza crua dos materiais. A carroceria era uma
combinação de fibra de carbono exposta e alumínio polido, celebrando a
engenharia por baixo da tinta.
- Fbg
par Hermès (2008): Uma colaboração com a icônica casa de luxo
parisiense Hermès. Esta versão contava com um interior redesenhado com o
couro mais fino, além de detalhes de design exclusivos, como a grade
frontal com o monograma "H".
- Sang
Noir (2008): Inspirado no lendário Bugatti Type 57S Atlantic, o
"Sangue Negro" era uma ode à escuridão, com acabamento todo em
preto, combinando fibra de carbono exposta e pintura preta brilhante.
- L'Or
Blanc (2011): Uma das edições mais audaciosas, a "Ouro
Branco" foi o primeiro carro do mundo a usar elementos de porcelana
de alta qualidade tanto na carroceria quanto no interior, em uma parceria
com a Real Manufatura de Porcelana de Berlim.
- Bernar
Venet (2012): Uma verdadeira "Art Car", esta peça única foi
criada em colaboração com o artista francês Bernar Venet. A carroceria foi
decorada com as fórmulas matemáticas e científicas usadas pelos
engenheiros da Bugatti para desenvolver o carro, transformando a ciência
em arte.
- Les
Légendes de Bugatti (2013-2014): Para celebrar o final da produção, a
Bugatti criou uma série de seis edições especiais baseadas no Grand Sport
Vitesse. Cada uma homenageava uma figura importante da história da marca,
como Jean-Pierre Wimille, Rembrandt Bugatti e o próprio Ettore Bugatti.
O Rei da Velocidade: A Conquista e a Polêmica do Recorde Mundial
Desde o seu conceito inicial, o Bugatti Veyron foi projetado com um propósito claro: ser, inquestionavelmente, o carro de produção mais rápido do mundo. Atingir esse objetivo não era apenas uma questão de orgulho técnico; era a principal ferramenta de marketing do carro, a validação definitiva de sua existência e a justificativa para seu preço estratosférico. A busca pelo recorde oficial do Guinness World Records foi um dos capítulos mais emocionantes e tensos da história do Veyron.
O Dia em que o Veyron Super Sport Atingiu 431 km/h
Em 2010, a Bugatti sentiu que seu recorde original,
estabelecido pelo primeiro Veyron, estava ameaçado por concorrentes. A resposta
foi o Veyron 16.4 Super Sport, uma versão mais leve, mais aerodinâmica e
com a potência do motor W16 elevada para impressionantes 1.200 cavalos.
O palco para a tentativa de recorde foi a pista de testes privada do Grupo
Volkswagen em Ehra-Lessien, na Alemanha, famosa por sua reta de quase 9
quilômetros.
Ao volante estava o piloto de testes oficial da Bugatti, Pierre-Henri Raphanel. Sob o olhar atento de representantes do Guinness World Records e da Agência de Inspeção Técnica Alemã (TUV), ele preparou o carro. As regras para um recorde de velocidade oficial são rígidas: o carro deve percorrer a reta em ambas as direções, e a velocidade final é a média das duas passagens, para anular qualquer vantagem do vento. Na primeira passagem, o Super Sport atingiu 427,933 km/h. Na volta, ele foi ainda mais rápido: 434,211 km/h. A média oficial foi calculada, e um novo recorde mundial foi estabelecido: 431,072 km/h. O Veyron havia, mais uma vez, provado ser o rei.
Uma Breve Controvérsia e a Validação Final
A glória, no entanto, foi brevemente interrompida. Em abril
de 2013, o Guinness World Records anunciou que estava suspendendo o recorde do
Veyron. A polêmica surgiu após uma reclamação da montadora rival Hennessey, que
apontou uma discrepância técnica: o carro que quebrou o recorde teve seu
limitador de velocidade eletrônico desativado. Os 30 Veyron Super Sport
vendidos ao público saíam de fábrica com a velocidade máxima limitada a
"apenas" 415 km/h, uma medida para proteger a integridade dos pneus
no uso diário.
A regra do Guinness afirmava que o carro do recorde deveria
ser mecanicamente idêntico aos vendidos aos clientes. A desativação do
limitador foi vista como uma modificação, o que levou à cassação temporária do
título. A Bugatti defendeu-se ferozmente, argumentando que o limitador não era
uma alteração fundamental no carro. Após uma revisão cuidadosa, o Guinness
concordou. A organização concluiu que "uma mudança no limitador de
velocidade não altera o design fundamental do carro ou seu motor". O
recorde foi oficialmente devolvido ao Bugatti Veyron Super Sport, onde
permaneceu por anos. Esse episódio demonstrou o quão vital o título de
"mais rápido do mundo" era para a identidade da marca.
O Legado de um Titã: O Impacto dos 20 anos do Bugatti Veyron
Vinte anos após sua concepção, o Bugatti Veyron é muito mais
do que um carro rápido. Ele é um marco histórico, um divisor de águas que
redefiniu o que era possível na indústria automotiva. Seu impacto não é medido
apenas em quilômetros por hora ou em cavalos de potência, mas na forma como ele
mudou a mentalidade de engenheiros, designers e entusiastas em todo o mundo. O
legado do Veyron é a normalização do extraordinário.
Mais que um Carro, o Primeiro Hipercarro
Antes do Veyron, o mundo conhecia os "supercarros"
– máquinas como a Ferrari F40 ou o McLaren F1. Eram carros focados puramente em
desempenho, muitas vezes sacrificando conforto, luxo e usabilidade. O Veyron
criou uma nova categoria. Ao combinar uma performance que superava tudo o que
existia com um nível de luxo e engenharia comparável a um Rolls-Royce, ele
inaugurou a era dos "hipercarros".
Ele estabeleceu um novo patamar. A partir de seu lançamento, ter 1.000 cavalos de potência e mirar os 400 km/h tornou-se o objetivo de uma nova geração de fabricantes como Koenigsegg e Pagani. O Veyron provou que era possível construir um carro com números de avião a jato que fosse, ao mesmo tempo, confiável e dócil o suficiente para ser usado no trânsito. Essa filosofia de performance sem compromisso é, talvez, seu maior legado.
O Custo da Exclusividade: A Manutenção Lendária
Ser dono de um Veyron é uma experiência que vai muito além
de simplesmente comprá-lo. A manutenção do carro é tão lendária quanto sua
performance, e os custos refletem a complexidade e a exclusividade de cada
componente. Cada peça foi projetada para suportar forças extremas, e isso tem
um preço.
- Preço
de Lançamento: Em 2005, um Veyron custava, no mínimo, 1.16 milhão de
euros, ou cerca de 1.3 milhão de dólares na época.
- Troca
de Pneus: Os pneus Michelin foram desenvolvidos exclusivamente para o
Veyron, projetados para não se desintegrarem a mais de 400 km/h. A Bugatti
recomenda a troca a cada dois ou três anos, a um custo que pode chegar a $42.000
por um conjunto.
- Troca
de Rodas: Para garantir a segurança em velocidades extremas, a Bugatti
também recomenda a troca das rodas a cada 16.000 quilômetros. O custo?
Cerca de $50.000.
- Revisão
Anual: Uma simples troca de óleo e fluidos, que em um carro normal é
uma tarefa rotineira, no Veyron pode custar mais de $25.000. Isso
ocorre porque os mecânicos precisam desmontar parte da traseira do carro
para acessar os 16 drenos de óleo do motor.
Esses números mostram que o Veyron não é um carro para
milionários, mas para bilionários. É um compromisso financeiro contínuo que
garante que essa obra de arte da engenharia continue funcionando em seu auge.
Passando o Bastão: A Influência no Chiron e no Futuro
O fim da produção do Veyron em 2015, com a unidade de número
450, não foi um ponto final, mas uma passagem de bastão. A experiência e a
tecnologia desenvolvidas para ele serviram como base para seu sucessor, o Bugatti
Chiron. O Chiron pegou o conceito do motor W16 e o elevou a um novo
patamar, produzindo incríveis 1.500 cavalos de potência.
A filosofia do Veyron – a busca incessante pela fusão de
performance incomparável e luxo absoluto – continua a ser o pilar da Bugatti.
Isso é evidente no mais recente lançamento da marca, o Bugatti
Tourbillon, que substitui o Chiron. Embora o motor W16 tenha se
aposentado, a nova era traz um motor V16 aspirado combinado com um sistema
híbrido, mostrando que o espírito de inovação radical iniciado pelo Veyron está
mais vivo do que nunca.
Conclusão
Ao olharmos para os 20 anos do Bugatti Veyron, vemos
muito mais do que um carro que foi, por um tempo, o mais rápido do mundo. Vemos
a materialização de uma ambição quase sobre-humana. De um simples rabisco em um
envelope a um ícone que dominou o imaginário automotivo por mais de uma década,
a jornada do Veyron é uma prova do que a engenharia pode alcançar quando não
está limitada pelo convencional.
Ele não apenas quebrou recordes; ele quebrou paradigmas. Ele
forçou a concorrência a sonhar mais alto e mostrou a uma geração inteira que os
limites existem para serem superados. O Bugatti Veyron não é apenas uma peça de
metal, fibra de carbono e couro. Ele é um monumento à perseverança, um capítulo
inesquecível na história da velocidade e um lembrete eterno de que, às vezes,
para criar o futuro, é preciso primeiro ousar desafiar o impossível.
Perguntas Frequentes sobre o Bugatti Veyron
Qual a velocidade máxima do Bugatti Veyron?
A velocidade máxima varia conforme a versão. O Bugatti
Veyron 16.4 Super Sport detém o recorde oficial de 431,072 km/h. A
versão original, o Veyron 16.4, atinge uma velocidade máxima de 408 km/h.
Quantos Bugatti Veyron foram fabricados no total?
Foram fabricadas exatamente 450 unidades do Bugatti
Veyron entre 2005 e 2015. A produção foi dividida em 300 modelos coupé (Veyron
16.4 e Super Sport) e 150 modelos conversíveis (Grand Sport e Grand Sport
Vitesse).
Por que a manutenção do Bugatti Veyron é tão cara?
A manutenção é extremamente cara porque cada componente do
carro foi projetado e construído com materiais exóticos para suportar as forças
e temperaturas extremas geradas em altas velocidades. Os pneus, por exemplo,
são uma composição de borracha especial feita sob medida para não se
desintegrarem a mais de 400 km/h, o que justifica seu alto custo.
Qual o preço de um Bugatti Veyron hoje?
O preço de um Bugatti Veyron no mercado de colecionadores
varia muito dependendo da versão, quilometragem e histórico. Atualmente, é
quase impossível encontrar um Veyron por menos de 1.3 milhão de euros.
Edições especiais e modelos em condição impecável podem facilmente ultrapassar
os 2.5 milhões de dólares.
Qual motor o Bugatti Veyron usa?
O Bugatti Veyron utiliza um motor único no mundo automotivo: um 8.0 litros W16 (16 cilindros dispostos em uma configuração 'W') equipado com quatro turbocompressores. Dependendo da versão, este motor produz entre 1.001 e 1.200 cavalos de potência.
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