20 Anos do Bugatti Veyron: A História do Carro que Desafiou o Impossível

O mundo automotivo é marcado por momentos que definem eras. Carros que não apenas quebram recordes, mas que rasgam o livro de regras e forçam a humanidade a repensar os limites da engenharia e da ambição. Em 2005, um desses momentos aconteceu. O Bugatti Veyron não foi apenas lançado; ele explodiu no cenário global como uma força da natureza, um feito tecnológico tão audacioso que muitos duvidavam que fosse possível. Ele foi o primeiro carro de produção em série a ultrapassar duas barreiras míticas: os 1.000 cavalos de potência e os 400 km/h.  

Agora, celebramos os 20 anos do Bugatti Veyron, contando a partir da apresentação do seu protótipo final em 2003, um marco que nos convida a olhar para trás e entender como essa lenda nasceu. Esta não é apenas a história de um carro. É a história de uma visão obstinada, de desafios de engenharia que beiravam a ficção científica e de um legado que inaugurou a era dos hipercarros. Portanto, ao longo deste artigo, vamos mergulhar fundo na jornada do Veyron, desde o sonho de um homem até a realidade de uma máquina que mudou tudo para sempre.

20 Anos do Bugatti Veyron: A História do Carro que Desafiou o Impossível

O Sonho de um Homem: Como Nasceu a Lenda do Veyron

Todo grande projeto começa com uma ideia. No entanto, a ideia por trás do Bugatti Veyron não nasceu em uma sala de reuniões corporativa, com planilhas e projeções de lucro. Pelo contrário, ela nasceu da mente inquieta de um dos engenheiros mais brilhantes e exigentes da história automotiva: Ferdinand Karl Piëch. Neto de Ferdinand Porsche, Piëch era o então presidente do Grupo Volkswagen e um homem conhecido por nunca aceitar "impossível" como resposta. O Veyron foi, acima de tudo, seu projeto pessoal, uma busca por um legado que transcenderia o tempo.  

O custo de desenvolvimento e produção do Veyron foi tão astronômico que a Volkswagen perdia milhões de euros em cada unidade vendida. Isso demonstra que o objetivo nunca foi o lucro. A meta era outra: provar ao mundo a supremacia tecnológica do Grupo Volkswagen e solidificar o nome de Piëch na história como o homem que realizou o impossível. Era um projeto de ego, paixão e, acima de tudo, de pura engenharia.  

Um Rabisco em um Trem-Bala

A história começa de forma quase cinematográfica. Em 1997, durante uma viagem no trem-bala Shinkansen, no Japão, Ferdinand Piëch conversava com um de seus principais engenheiros. Em um momento de inspiração, ele pegou um envelope e começou a rabiscar. O que ele desenhou parecia loucura: um motor com 18 cilindros. Mas a loucura de Piëch tinha método. Ele estabeleceu metas que, para a época, soavam como fantasia.  

Ele queria um carro de rua com mais de 1.001 cavalos de potência (PS). Além disso, esse carro deveria ser capaz de ultrapassar os 400 km/h. Contudo, o verdadeiro desafio estava na terceira exigência: o carro precisava ser tão luxuoso, confortável e fácil de dirigir que seu dono pudesse atingir 400 km/h pela manhã e, à noite, usar o mesmo veículo para ir à ópera com elegância e sem nenhum drama. Essa dualidade entre brutalidade e sofisticação era o que tornava o projeto tão complexo.  

20 Anos do Bugatti Veyron: A História do Carro que Desafiou o Impossível

Por que a Bugatti?

Com uma visão tão grandiosa em mãos, Piëch precisava de uma marca à altura. Nenhuma das marcas existentes no portfólio da Volkswagen parecia adequada para um projeto tão extremo e luxuoso. A resposta, mais uma vez, veio de um momento inesperado. Durante as férias da Páscoa em 1998, seu filho Gregor insistiu em comprar uma miniatura de um carro clássico: um Bugatti Type 57 SC Atlantic.  

Aquele pequeno modelo reacendeu a chama de uma marca lendária. A Bugatti, fundada por Ettore Bugatti, sempre foi sinônimo de arte, luxo e performance de ponta. Embora estivesse adormecida, seu nome ainda carregava um peso imenso. Era a tela perfeita para a obra-prima de Piëch. Pouco tempo depois, em maio de 1998, o Grupo Volkswagen adquiriu os direitos da marca Bugatti, e a jornada para criar o carro mais incrível do mundo começou oficialmente.  

Dos Conceitos à Realidade: A Evolução do Design

O caminho de uma ideia até um carro de produção é longo e cheio de experimentação. Antes do Veyron que conhecemos, a Bugatti apresentou uma série de carros-conceito que mostram a evolução do pensamento dos designers e engenheiros. Cada um foi um passo crucial para refinar a forma e a função do futuro hipercarro.  

  • EB 118 (1998): O primeiro conceito sob a era Volkswagen foi um elegante cupê de luxo com o motor W18 de Piëch posicionado na dianteira. Desenhado pelo lendário Giorgetto Giugiaro, ele já mostrava a grade em formato de ferradura que se tornaria a assinatura da marca.  
  • EB 218 (1999): Em seguida, veio uma versão sedã de quatro portas, mostrando a versatilidade que a marca poderia ter.  
  • 18/3 Chiron (1999): Este foi um passo fundamental. O conceito, batizado em homenagem ao piloto Louis Chiron, foi o primeiro a adotar uma configuração de motor central-traseiro, essencial para um supercarro de alta performance.  
  • 18/4 Veyron (1999): Apresentado no Salão de Tóquio, este conceito finalmente batizou o projeto com o nome do piloto Pierre Veyron. Ele estabeleceu a silhueta básica e o design de dois tons que chegariam ao carro de produção, embora ainda usasse o motor W18.  
  • EB 16/4 Veyron (2000): Este foi o conceito final e a peça que completou o quebra-cabeça. Os engenheiros perceberam que o complexo motor W18 não deixava espaço suficiente para os turbocompressores necessários para atingir a meta de 1.001 cavalos. A solução foi uma obra de genialidade pragmática: trocar o W18 por um motor W16. Essa nova configuração, essencialmente dois motores V8 compactos unidos, permitiu a adição de quatro turbos. A visão de Piëch finalmente tinha encontrado um caminho viável para a realidade.  

Essa transição do W18 para o W16 não foi uma derrota, mas sim a prova de que, mesmo dentro de uma visão intransigente, a engenharia precisa encontrar soluções práticas. Foi o equilíbrio perfeito entre o sonho e a física, o que permitiu que o projeto avançasse para a fase de produção, anunciada oficialmente em 2001.

A Engenharia por Trás do Milagre: Desvendando a Tecnologia do Veyron

Construir o Bugatti Veyron não foi apenas uma questão de colocar um motor grande em um carro bonito. Foi uma batalha constante contra as leis da física. Cada solução de engenharia gerava um novo problema que, por sua vez, exigia uma solução ainda mais inovadora. O Veyron não é apenas uma coleção de peças impressionantes; é um ecossistema tecnológico onde cada componente depende diretamente do outro para funcionar. A meta de 1.001 cavalos e 400 km/h criou um efeito dominó de desafios que forçou a equipe da Bugatti a reinventar o automóvel.

20 Anos do Bugatti Veyron: A História do Carro que Desafiou o Impossível

O Coração da Fera: O Motor W16 Quad-Turbo

O centro de todo o projeto é, sem dúvida, seu motor. Uma verdadeira obra de arte mecânica, o propulsor do Veyron é um 8.0 litros W16 com quatro turbocompressores. Para entender a configuração "W", imagine pegar dois motores V8 bem compactos (conhecidos como VR8) e uni-los em um único virabrequim, formando um ângulo de 90 graus. Essa arquitetura permitiu que 16 cilindros coubessem em um espaço surpreendentemente compacto, quase o mesmo de um motor V12 convencional.  

Esse colosso mecânico, que pesa sozinho cerca de 400 kg, produz na sua versão inicial 1.001 PS (987 hp) e um torque monumental de 1.250 Nm. Uma das exigências de Piëch era que o motor pudesse operar em carga máxima contínua, algo que nem mesmo motores de corrida conseguem fazer por muito tempo. O motor do Veyron foi construído para suportar esse abuso sem falhar.  

Mantendo a Calma a 400 km/h: O Sistema de Arrefecimento

Gerar mais de 1.000 cavalos de potência tem uma consequência inevitável: calor. Muito calor. Estima-se que, para cada cavalo de potência que move o carro, o motor W16 gera quase o dobro em energia térmica. Dissipar essa quantidade de calor era um dos maiores desafios do projeto. A solução da Bugatti foi criar um dos sistemas de arrefecimento mais complexos já vistos em um carro de rua.  

O Veyron não tem um, dois ou três radiadores. Ele tem um total de dez radiadores espalhados pelo carro. São três radiadores para manter a temperatura do motor, três intercoolers ar-líquido para resfriar o ar que entra nos turbos, um para o sistema de ar-condicionado, e mais três radiadores dedicados a resfriar os óleos do motor, da transmissão e do diferencial. É um sistema circulatório digno de uma usina de energia, projetado para garantir que o carro não superaqueça mesmo ao rodar no limite em um deserto.  

Trocas de Marcha Mais Rápidas que um Piscar de Olhos

De nada adianta ter 1.001 cavalos se não é possível transferir essa força para as rodas de forma eficiente e rápida. Para essa tarefa, a Bugatti recorreu à empresa britânica Ricardo para desenvolver uma transmissão à altura. O resultado foi uma caixa de câmbio de dupla embreagem (DSG) com sete velocidades, uma das mais rápidas e robustas do mundo.  

O funcionamento é engenhoso. Pense nela como duas caixas de câmbio manuais trabalhando em conjunto. Uma embreagem controla as marchas ímpares (1ª, 3ª, 5ª, 7ª) e a outra, as marchas pares e a ré. Enquanto você acelera em uma marcha, a próxima já está pré-engatada, esperando o comando. Isso permite que as trocas de marcha aconteçam em menos de 150 milissegundos, de forma quase instantânea e sem interrupção de torque, garantindo uma aceleração contínua e avassaladora.

20 Anos do Bugatti Veyron: A História do Carro que Desafiou o Impossível

Dançando com o Vento: Aerodinâmica Ativa

A mais de 400 km/h, o ar se comporta menos como um gás e mais como um muro. A aerodinâmica de um carro convencional simplesmente não funciona nessas velocidades. Por isso, o Veyron foi equipado com um sistema de aerodinâmica ativa inteligente, que ajusta o perfil do carro em tempo real para otimizar a estabilidade e a performance. O sistema opera em três modos principais:  

  • Modo Padrão: Utilizado em velocidades de até 180 km/h, é a configuração para o uso diário, com a asa traseira e o spoiler recolhidos.
  • Modo Handling: Acima de 180 km/h, o carro se transforma. A suspensão rebaixa a carroceria, a asa traseira se eleva e se inclina, e um pequeno spoiler adicional se estende. Tudo isso para gerar downforce (força de sustentação negativa), que pressiona o carro contra o asfalto e garante estabilidade em curvas de alta velocidade.
  • Modo Top Speed: Para ultrapassar os 375 km/h, o motorista precisa realizar um ritual. É necessário parar o carro e inserir uma segunda chave, a "Speed Key", em um cilindro ao lado do banco. Isso ativa o modo de velocidade máxima: o carro fica ainda mais baixo, a asa e o spoiler se retraem para a posição de menor arrasto, e os difusores na dianteira se fecham. O carro se prepara para cortar o ar da forma mais eficiente possível.  

Além disso, a asa traseira tem uma função espetacular: atuar como um freio a ar (Air Brake). Em frenagens fortes acima de 200 km/h, a asa se inclina a um ângulo de 55 graus em menos de meio segundo. Isso cria uma resistência aerodinâmica imensa, gerando uma força de desaceleração de 0.6 G, o que é comparável à capacidade de frenagem de um carro popular médio. Essa tecnologia, vinda da aviação, ajuda a estabilizar o carro e a aliviar o trabalho dos gigantescos freios de carbono-cerâmica.  

Uma Família de Ícones: As Versões do Bugatti Veyron

Ao longo de seus dez anos de produção (2005-2015), o Bugatti Veyron não se limitou a um único modelo. Ele evoluiu, dando origem a quatro variantes principais que atendiam a diferentes desejos de seus seletos clientes, desde a experiência de dirigir a céu aberto até a busca incessante por mais velocidade. Cada versão manteve a alma do Veyron, mas adicionou uma nova camada à sua lenda.

Para facilitar a compreensão das diferenças, a tabela abaixo resume as características fundamentais de cada uma das quatro faces do Veyron. Este comparativo visual mostra a progressão lógica da linha: do coupé que iniciou tudo (16.4) para sua versão conversível (Grand Sport), seguida pelo salto de potência para quebrar recordes (Super Sport) e, finalmente, a união de performance máxima com a experiência ao ar livre (Vitesse).

Característica

Veyron 16.4

Veyron Grand Sport

Veyron Super Sport

Veyron Grand Sport Vitesse

Potência

1.001 PS

1.001 PS

1.200 PS

1.200 PS

Carroceria

Coupé

Targa (Conversível)

Coupé

Targa (Conversível)

Velocidade Máx.

408 km/h

408 km/h (teto) / 369 km/h (aberto)

431 km/h (recorde) / 415 km/h (limitada)

408 km/h (recorde roadster)

Unidades Prod.

252

58

48

92

Propósito

O original. O criador do segmento.

A experiência ao ar livre.

O recordista de velocidade.

A fusão de performance e céu aberto.

Arte Sobre Rodas: As Edições Especiais Inesquecíveis

Além das quatro versões principais, a Bugatti utilizou o Veyron como uma tela para a criação de inúmeras edições especiais, cada uma mais exclusiva e deslumbrante que a outra. Essa estratégia foi uma forma genial de manter o carro relevante e desejável ao longo de uma década de produção, transformando cada nova edição em um evento midiático e reforçando seu status de item de colecionador. Essas versões não eram apenas sobre cores diferentes; muitas vezes, envolviam materiais e técnicas artesanais inéditas no mundo automotivo. Algumas das mais memoráveis incluem:  

  • Pur Sang (2007): Batizada de "Puro Sangue", esta edição abdicava da pintura para exibir a beleza crua dos materiais. A carroceria era uma combinação de fibra de carbono exposta e alumínio polido, celebrando a engenharia por baixo da tinta.  
  • Fbg par Hermès (2008): Uma colaboração com a icônica casa de luxo parisiense Hermès. Esta versão contava com um interior redesenhado com o couro mais fino, além de detalhes de design exclusivos, como a grade frontal com o monograma "H".  
  • Sang Noir (2008): Inspirado no lendário Bugatti Type 57S Atlantic, o "Sangue Negro" era uma ode à escuridão, com acabamento todo em preto, combinando fibra de carbono exposta e pintura preta brilhante.  
  • L'Or Blanc (2011): Uma das edições mais audaciosas, a "Ouro Branco" foi o primeiro carro do mundo a usar elementos de porcelana de alta qualidade tanto na carroceria quanto no interior, em uma parceria com a Real Manufatura de Porcelana de Berlim.  
  • Bernar Venet (2012): Uma verdadeira "Art Car", esta peça única foi criada em colaboração com o artista francês Bernar Venet. A carroceria foi decorada com as fórmulas matemáticas e científicas usadas pelos engenheiros da Bugatti para desenvolver o carro, transformando a ciência em arte.  
  • Les Légendes de Bugatti (2013-2014): Para celebrar o final da produção, a Bugatti criou uma série de seis edições especiais baseadas no Grand Sport Vitesse. Cada uma homenageava uma figura importante da história da marca, como Jean-Pierre Wimille, Rembrandt Bugatti e o próprio Ettore Bugatti.  

O Rei da Velocidade: A Conquista e a Polêmica do Recorde Mundial

Desde o seu conceito inicial, o Bugatti Veyron foi projetado com um propósito claro: ser, inquestionavelmente, o carro de produção mais rápido do mundo. Atingir esse objetivo não era apenas uma questão de orgulho técnico; era a principal ferramenta de marketing do carro, a validação definitiva de sua existência e a justificativa para seu preço estratosférico. A busca pelo recorde oficial do Guinness World Records foi um dos capítulos mais emocionantes e tensos da história do Veyron.

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O Dia em que o Veyron Super Sport Atingiu 431 km/h

Em 2010, a Bugatti sentiu que seu recorde original, estabelecido pelo primeiro Veyron, estava ameaçado por concorrentes. A resposta foi o Veyron 16.4 Super Sport, uma versão mais leve, mais aerodinâmica e com a potência do motor W16 elevada para impressionantes 1.200 cavalos. O palco para a tentativa de recorde foi a pista de testes privada do Grupo Volkswagen em Ehra-Lessien, na Alemanha, famosa por sua reta de quase 9 quilômetros.  

Ao volante estava o piloto de testes oficial da Bugatti, Pierre-Henri Raphanel. Sob o olhar atento de representantes do Guinness World Records e da Agência de Inspeção Técnica Alemã (TUV), ele preparou o carro. As regras para um recorde de velocidade oficial são rígidas: o carro deve percorrer a reta em ambas as direções, e a velocidade final é a média das duas passagens, para anular qualquer vantagem do vento. Na primeira passagem, o Super Sport atingiu 427,933 km/h. Na volta, ele foi ainda mais rápido: 434,211 km/h. A média oficial foi calculada, e um novo recorde mundial foi estabelecido: 431,072 km/h. O Veyron havia, mais uma vez, provado ser o rei.

Uma Breve Controvérsia e a Validação Final

A glória, no entanto, foi brevemente interrompida. Em abril de 2013, o Guinness World Records anunciou que estava suspendendo o recorde do Veyron. A polêmica surgiu após uma reclamação da montadora rival Hennessey, que apontou uma discrepância técnica: o carro que quebrou o recorde teve seu limitador de velocidade eletrônico desativado. Os 30 Veyron Super Sport vendidos ao público saíam de fábrica com a velocidade máxima limitada a "apenas" 415 km/h, uma medida para proteger a integridade dos pneus no uso diário.  

A regra do Guinness afirmava que o carro do recorde deveria ser mecanicamente idêntico aos vendidos aos clientes. A desativação do limitador foi vista como uma modificação, o que levou à cassação temporária do título. A Bugatti defendeu-se ferozmente, argumentando que o limitador não era uma alteração fundamental no carro. Após uma revisão cuidadosa, o Guinness concordou. A organização concluiu que "uma mudança no limitador de velocidade não altera o design fundamental do carro ou seu motor". O recorde foi oficialmente devolvido ao Bugatti Veyron Super Sport, onde permaneceu por anos. Esse episódio demonstrou o quão vital o título de "mais rápido do mundo" era para a identidade da marca.  

O Legado de um Titã: O Impacto dos 20 anos do Bugatti Veyron

Vinte anos após sua concepção, o Bugatti Veyron é muito mais do que um carro rápido. Ele é um marco histórico, um divisor de águas que redefiniu o que era possível na indústria automotiva. Seu impacto não é medido apenas em quilômetros por hora ou em cavalos de potência, mas na forma como ele mudou a mentalidade de engenheiros, designers e entusiastas em todo o mundo. O legado do Veyron é a normalização do extraordinário.

Mais que um Carro, o Primeiro Hipercarro

Antes do Veyron, o mundo conhecia os "supercarros" – máquinas como a Ferrari F40 ou o McLaren F1. Eram carros focados puramente em desempenho, muitas vezes sacrificando conforto, luxo e usabilidade. O Veyron criou uma nova categoria. Ao combinar uma performance que superava tudo o que existia com um nível de luxo e engenharia comparável a um Rolls-Royce, ele inaugurou a era dos "hipercarros".  

Ele estabeleceu um novo patamar. A partir de seu lançamento, ter 1.000 cavalos de potência e mirar os 400 km/h tornou-se o objetivo de uma nova geração de fabricantes como Koenigsegg e Pagani. O Veyron provou que era possível construir um carro com números de avião a jato que fosse, ao mesmo tempo, confiável e dócil o suficiente para ser usado no trânsito. Essa filosofia de performance sem compromisso é, talvez, seu maior legado.

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O Custo da Exclusividade: A Manutenção Lendária

Ser dono de um Veyron é uma experiência que vai muito além de simplesmente comprá-lo. A manutenção do carro é tão lendária quanto sua performance, e os custos refletem a complexidade e a exclusividade de cada componente. Cada peça foi projetada para suportar forças extremas, e isso tem um preço.

  • Preço de Lançamento: Em 2005, um Veyron custava, no mínimo, 1.16 milhão de euros, ou cerca de 1.3 milhão de dólares na época.  
  • Troca de Pneus: Os pneus Michelin foram desenvolvidos exclusivamente para o Veyron, projetados para não se desintegrarem a mais de 400 km/h. A Bugatti recomenda a troca a cada dois ou três anos, a um custo que pode chegar a $42.000 por um conjunto.  
  • Troca de Rodas: Para garantir a segurança em velocidades extremas, a Bugatti também recomenda a troca das rodas a cada 16.000 quilômetros. O custo? Cerca de $50.000.  
  • Revisão Anual: Uma simples troca de óleo e fluidos, que em um carro normal é uma tarefa rotineira, no Veyron pode custar mais de $25.000. Isso ocorre porque os mecânicos precisam desmontar parte da traseira do carro para acessar os 16 drenos de óleo do motor.  

Esses números mostram que o Veyron não é um carro para milionários, mas para bilionários. É um compromisso financeiro contínuo que garante que essa obra de arte da engenharia continue funcionando em seu auge.

Passando o Bastão: A Influência no Chiron e no Futuro

O fim da produção do Veyron em 2015, com a unidade de número 450, não foi um ponto final, mas uma passagem de bastão. A experiência e a tecnologia desenvolvidas para ele serviram como base para seu sucessor, o Bugatti Chiron. O Chiron pegou o conceito do motor W16 e o elevou a um novo patamar, produzindo incríveis 1.500 cavalos de potência.  

A filosofia do Veyron – a busca incessante pela fusão de performance incomparável e luxo absoluto – continua a ser o pilar da Bugatti. Isso é evidente no mais recente lançamento da marca, o Bugatti Tourbillon, que substitui o Chiron. Embora o motor W16 tenha se aposentado, a nova era traz um motor V16 aspirado combinado com um sistema híbrido, mostrando que o espírito de inovação radical iniciado pelo Veyron está mais vivo do que nunca.  

Conclusão

Ao olharmos para os 20 anos do Bugatti Veyron, vemos muito mais do que um carro que foi, por um tempo, o mais rápido do mundo. Vemos a materialização de uma ambição quase sobre-humana. De um simples rabisco em um envelope a um ícone que dominou o imaginário automotivo por mais de uma década, a jornada do Veyron é uma prova do que a engenharia pode alcançar quando não está limitada pelo convencional.

Ele não apenas quebrou recordes; ele quebrou paradigmas. Ele forçou a concorrência a sonhar mais alto e mostrou a uma geração inteira que os limites existem para serem superados. O Bugatti Veyron não é apenas uma peça de metal, fibra de carbono e couro. Ele é um monumento à perseverança, um capítulo inesquecível na história da velocidade e um lembrete eterno de que, às vezes, para criar o futuro, é preciso primeiro ousar desafiar o impossível.

Perguntas Frequentes sobre o Bugatti Veyron

Qual a velocidade máxima do Bugatti Veyron?

A velocidade máxima varia conforme a versão. O Bugatti Veyron 16.4 Super Sport detém o recorde oficial de 431,072 km/h. A versão original, o Veyron 16.4, atinge uma velocidade máxima de 408 km/h. 

Quantos Bugatti Veyron foram fabricados no total?

Foram fabricadas exatamente 450 unidades do Bugatti Veyron entre 2005 e 2015. A produção foi dividida em 300 modelos coupé (Veyron 16.4 e Super Sport) e 150 modelos conversíveis (Grand Sport e Grand Sport Vitesse).  

Por que a manutenção do Bugatti Veyron é tão cara?

A manutenção é extremamente cara porque cada componente do carro foi projetado e construído com materiais exóticos para suportar as forças e temperaturas extremas geradas em altas velocidades. Os pneus, por exemplo, são uma composição de borracha especial feita sob medida para não se desintegrarem a mais de 400 km/h, o que justifica seu alto custo.  

Qual o preço de um Bugatti Veyron hoje?

O preço de um Bugatti Veyron no mercado de colecionadores varia muito dependendo da versão, quilometragem e histórico. Atualmente, é quase impossível encontrar um Veyron por menos de 1.3 milhão de euros. Edições especiais e modelos em condição impecável podem facilmente ultrapassar os 2.5 milhões de dólares.  

Qual motor o Bugatti Veyron usa?

O Bugatti Veyron utiliza um motor único no mundo automotivo: um 8.0 litros W16 (16 cilindros dispostos em uma configuração 'W') equipado com quatro turbocompressores. Dependendo da versão, este motor produz entre 1.001 e 1.200 cavalos de potência.  

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